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A História da Centrodial

O passado é o prólogo do futuro, sempre vago, nebuloso e incerto.

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A Centrodial

A CentroDial nasceu de um projeto conjunto entre os doutores Dr. Nunes Azevedo, Dr. António Cabrita e Dr. Mário Oliveira com a Clínica Central do Bonfim.

 

O grande esforço na sua construção inicial ficou a dever-se à dedicação do Sr. Branco da Clínica do Bonfim e do Sr. Domingos da Hemotécnica, que conjuntamente com o Dr. Nunes e o Dr. Mário conseguiram concretizar a vontade de abrir um Centro de Diálise em S. João da Madeira.

 

O Centro, uma área de 400 m2 no R/C do nº137 da R. Dr. Maciel, estava pronto em início de 1989.

 

Para entrar em funcionamento necessitava do apoio de um Hospital Central, que foi pedido ao Serviço de Nefrologia do Hospital Geral de S. António. Este Serviço, na pessoa da sua responsável, a Dra. Eva Xavier, negou o apoio com o argumento de que não era necessário outro Centro na região, dado já existir o da Vila da Feira.

A Dra. Eva Xavier era a responsável pela NMC na região Norte, a qual era proprietária do Centro da Vila da Feira. O conflito de interesses foi evidente.

O apoio acabou por ser dado pelo Hospital da Universidade de Coimbra,  após o trabalho de persuasão incansável do Dr. Nunes de Azevedo junto dos responsáveis pelo Serviço de Nefrologia desse Hospital.

Era a altura da Ministra Dra. Leonor Beleza, e da guerra fria na Saúde.

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A CentroDial iniciou atividade em 6 de Dezembro de 1989.

 

(vídeo-relíquia de 2003, a seguir)

Nessa altura o Centro estava equipado com 15 máquinas AK10 da Gambro. Os primeiros pacientes que vieram foram da Vila da Feira, e a maioria veio por vontade própria. Quem quis ficou na Vila da Feira.

 

Hoje em dia ainda há muitos pacientes da área da Centrodial que fazem diálise na Vila da Feira, e nunca chegaram a conhecer este Centro. É um direito que lhes assiste, e que achamos bem.

 

A nossa primeira paciente foi a Célia, uma jovem de 15 anos que sofria de uma grave doença do coração.

Em 1991 as máquinas possuíam módulos de Bicarbonato, que tinham acabado de ser lançadas no mercado, substituindo o banho de diálise com acetato. Iniciamos assim a época de Diálise com Bicarbonato.

Image by Charles Cheng

Diálise de Alto-Fluxo

Em 1992 foi adquirida uma AK100 e iniciámos Diálise de Alto-Fluxo, com o objetivo de fazer diálise a uma doente que tinha ficado grávida durante o seu período de diálise.

O objetivo era oferecer uma diálise melhor tolerada e mais eficaz, de modo a minimizar complicações no desenvolvimento fetal e na gravidez.

Em 1993/94 a Unidade iniciou a remodelação completa do parque de máquinas, substituindo as AK10 por máquinas Fresénius da série 4008.

Entrou-se decididamente no período da Diálise de Alto-Fluxo para todos.

 

Em 1994 fizeram-se as primeiras diálises com HemoDiafiltração On-Line e progressivamente foi-se abandonando a Diálise Convencional.

 

A Unidade podia assim oferecer HemoDiafiltração a quase todos os seus doentes, mesmo àqueles em diálise domiciliária.

 

Passados 4 anos, a maioria dos insuficientes renais na Unidade estavam a fazer HemoDiafiltração.

Modern Architecture

Em meados de 1995 o Centro já praticava na maioria dos tratamentos, Diálise de Alto-Fluxo e Hemodiafiltração (HDF).

Foi então que uma equipa da CentroDial constituída pelo Dr. Mário Oliveira e Enfermeiras Helena Paula e Rosa Branca, se deslocou a Seattle nos EUA ao NorWest Kidney Center, um berço da Diálise, onde tiveram a possibilidade de tomar contacto com o Programa de Diálise em Casa dirigido pelo Dr. Blagg.

 

Em 1996 arrancou o nosso Programa de Diálise em Casa, tendo sido o Aurélio o 1º insuficiente renal a aderir ao Programa. Ele é também um dos poucos insuficientes renais que no Mundo fez Hemodiafiltração em casa.

Depois do Aurélio, foram preparados para Diálise em Casa algumas dezenas de utentes, chegando a haver 15 pacientes em programa domiciliário, em regiões que iam de Lisboa a Vila Pouca de Aguiar.

 

Em 1995 lançamos o Curso de Enfermeiros de Diálise, feito por Enfermeiros para Enfermeiros que trabalham na área da Diálise. Com uma periodicidade anual, estes cursos foram criados com o objetivo de dar palco à troca de experiências, apreciar a nossa atividade e servir de mobilizador da Unidade. Através deles os nossos Enfermeiros tornaram público o seu trabalho e serviu como um elemento importante na sua formação e preparação teórica.

Realizámos os Cursos em 1995, 1996 e 1998. Todos eles foram um sucesso.

Em 1997 iniciámos a técnica de HF On-Line de alto-fluxo utilizando 2 HF80 em série e fazendo ajustes no débito da bomba de HDF. Foram conseguidas taxas de infusão de cerca 90 L / sessão de diálise, clearances mais elevados de β2m e melhor tolerância hemodinâmica.

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Vista da cidade

As exigências cada vez maiores da Unidade tornaram o nosso “Velho” Centro exíguo e incapaz de responder aos desafios do futuro. Por isso, projetámos uma nova Unidade, mais adequado às nossas necessidades.

Em fins de 1995 adquirimos um R/C no Edifício das Laranjeiras e construímos um Centro com mais capacidade de responder ao desafios de uma melhor qualidade de Diálise.

 

Em 18/01/1997 mudámos de instalações.

O novo Centro era uma área de 860m2 na R. Vale do Vouga, dispunha de 2 Salas de Diálise e uma área separada para Auto-Diálise e apoio à Diálise em Casa. Aqui havia também uma Unidade de Orientação para todos os novos insuficientes renais.

Esta última é uma sala destinada a acolher os pacientes que chegam à Unidade, fornecendo-lhes o apoio, a educação e o ensino necessários à sua vida em Diálise. A eles e ao seu círculo de suporte familiar.

Esta nova Clínica era mais periférica que a antiga, mais sossegada e com um maior aparcamento.

Esta Clínica tinha também um renovado (e pioneiro em Portugal) "coração" : 

A Unidade de Tratamento de Águas adoptou pela primeira vez o conceito de Dupla Osmose e de consumo de água produzida sem passar por um depósito de reserva. Isto quer dizer que a água é produzida in loco e é consumida no mesmo minuto (ou volta para ser reprocessada), possibilitando um grau de qualidade de diálise maior.

Image by Kelly Sikkema

A Care

A Liga dos Amigos dos Insuficientes Renais da CentroDial

Em 3/1997 criámos a Care - A Liga dos Amigos dos Insuficientes Renais da CentroDial, com vista a alargar o âmbito de intervenção da Reabilitação Renal.

Os objetivos da Care foram anunciados como:

• Estabelecer pontes para a reabilitação renal, re-inserção social e familiar

• Apoiar e estimular o auto-cuidado e independência do insuficiente renal

• Melhorar a qualidade de vida do hemodialisado

• Ajudar economicamente os insuficientes renais mais necessitados

Desde o princípio a Care esteve atenta às necessidades dos nossos insuficientes renais, ajudando os mais carenciados e adquirindo antibióticos de uso exclusivo Hospitalar para tratamento no Centro de qualquer paciente que deles necessitasse, evitando assim a sua deslocação a um Hospital Central.

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A Care respondeu ainda a um apelo internacional do Hospital de Lagos (o Lagos University Teaching Hospital, na Nigéria) feito pela Internet. Este Hospital lutava com dificuldades de material para Diálise, vendo morrer muitos Insuficientes Renais sem possibilidade de lhes fazerem diálise.

 

A Care com total apoio da Unidade enviou para a Nigéria uma máquina AK10, com a finalidade de possibilitar o acesso a insuficientes renais necessitados numa geografia onde este tratamento era ainda inacessível, caro e escasso.

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Image by Simon HUMLER
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Projeto Diálise é Vida

Em 1997 a Care e a CentroDial decidem dar as mãos na compra e preparação de uma Auto-caravana de Diálise, um projeto que recebeu o nome de “Diálise é Vida”.

 

Em Junho de 1998 este projeto que há altura custou cerca de 12.000 contos tornou-se realidade e um símbolo de independência, autonomia e qualidade de vida a que o Insuficiente Renal deve ter direito.

Em Julho a Auto-caravana teve a sua 1ª saída, tendo servido para umas repousantes férias no Algarve ao Aurélio.

Com o objetivo de angariar fundos para a Auto-Caravana, a Care contou com o apoio incondicional de Frei Hermano da Câmara que em 28 de Março de 1997 deu um concerto no Pavilhão das Travessas em S. João da Madeira. O pavilhão ficou quase repleto, tendo a Care evidenciado uma força e capacidade mobilizadora a nível local dignas de registo.

A proativa Care ambicionava mais projetos, tendo sido um dos mais importantes a criação de um espaço para a Reabilitação do Insuficiente Renal, que iria incluir terapia física, ocupação de tempos livres para os idosos, programas de formação para os jovens e ajuda na integração dos jovens no mercado de trabalho.

minimalista Staircase

E depois …

Para o futuro, a Unidade tinha como objetivos prioritários a consolidação e alargamento do Programa de Hemodiálise Domiciliária e o apoio ao Programa de Reabilitação Renal da Care.

Era necessário alargar o Programa de Hemodiálise em Casa a um maior número de insuficientes renais, de modo a tornar o Programa uma realidade. A Diálise em Casa é a melhor forma de Reabilitação para o Insuficiente Renal não transplantado.

A Care necessitava de apoios tendo-se candidatado ao Estatuto de Unidade de Solidariedade Social Sem Fins Lucrativos.

A Unidade continuou a investir na mais moderna tecnologia e técnicas de Diálise, tornando a diálise mais segura e confortável para os Insuficientes Renais.

Luz na parede de concreto

Os anos passaram ...

E as expectativas quanto à diálise domiciliária e quanto à Care acabaram por ser frustadas por falta de apoio e permanentes obstáculos das entidades em postos de poder.

Com o passar dos anos tivemos de ir abandonando o programa de diálise domiciliária e a Auto-caravana.

Assistimos, impotentes, ao triunfo da burocracia sobre a luta por uma melhor qualidade de vida dos doentes.

 

Ao contrário da história Bíblica, Golias vence David!

 

Antes vivíamos de Sonhos. Hoje vivemos com a Realidade.

 

O que nos restava era continuar… e continuamos.

Em 2005, a Centrodial cuidava de cerca meia centena de doentes da área de Oliveira de Azeméis, pelo que foi decidido abrir um Centro que aproximasse esses doentes do local de tratamento e libertasse espaço no Centro de São João da Madeira.

 

Foi adquirido um terreno junto da Cerciaz e construído de raíz um novo Centro para onde foram deslocados os doentes de Oliveira de Azeméis.

 

O Centro entrou em funcionamento em 2007.

Formas Orgânicas Selvagens

O Centro de Oliveira de Azeméis funcionou sempre com apenas dois turnos de diálise diurno e pouco depois de abrir iniciou programa de diálise Noturna, que se tem mantido em funcionamento até hoje.

Em 2019 e com as mudanças ocorridas na gestão dos transportes e com as novas exigências regulamentares de funcionamento na diálise, a Centrodial decidiu construir um novo Centro em São João da Madeira que melhor se ajustasse às novas circunstâncias.

O novo Centro iniciou actividade no final de 2021.

CentroDial

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Centro de Hemodiálise 

São João da Madeira | Oliveira de Azeméis

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